Relatório Setorial - 26/10/2017

Você sabe se comunicar com investidores que buscam investimento sustentável?

A MZ” vem acompanhando  o crescente interesse dos investidores por Investimentos Sustentáveis. Nesse contexto, os fundos de investimentos começam a considerar a divulgação de dados baseados nos princípios para investimento responsável da PRI (Principles for Responsible Investment), iniciativa idealizada por Kofi Annan que conta hoje com o apoio das Nações Unidas e consiste em uma rede de investidores que busca colocar em prática os princípios de investimento responsável, entendendo as implicações da sustentabilidade para os investidores e incorporando aspectos ESG (environmental, social and governance) na tomada de decisão de investimentos.

Os princípios para investimento sustentável (PRI) incluem aspectos sociais, de governança e de meio ambiente na análise de investimento, funcionando como uma base para o alcance de melhores retornos de investimentos de longo prazo e para a criação de negócios mais sustentáveis, apoiados na premissa de que esses aspectos podem afetar o desempenho de investimentos e que, divulgados de forma apropriada, são fundamentais para ajustar o retorno esperado aos riscos incorridos. Os seis princípios contemplam: a avaliação das questões ESG nas análises financeiras e nas tomadas de decisões de investimento; a implementação ativa das questões ESG nas políticas e práticas das empresas investidas; a divulgação apropriada das questões ESG pelas entidades investidas; o trabalho conjunto dos membros para aceitação e implementação dos princípios; e a divulgação da evolução das atividades para a implementação desses princípios.

O número de signatários dos PRI aumenta a cada ano, tendo alcançado um crescimento de 75% nos últimos 5 anos. Atualmente conta com mais de 1.400 signatários que juntos administram mais de US$59 trilhões de ativos, que representam um quarto do total de ativos administrados no mundo. No Brasil são 60 signatários do PRI, sendo em sua  maioria, fundos de pensão, dado que buscam um retorno de mais longo prazo, e consequentemente, investimentos sustentáveis, que garantem a perpetuidade do negócio por um período maior.

E o como esses princípios afetam companhias e investidores?

A criação e aplicação de políticas social, de governança e ambiental (ESG) pelas companhias as tornam melhor preparadas para garantir sua perpetuidade e permitem uma percepção mais acertada de seu risco pelos investidores, que incluem essas informações em seus modelos de análise para auxiliá-los a melhor compreender os riscos, o desempenho futuro e o potencial de geração de valor de seu potencial investimento. Estudos da Harvard Business School mostraram que empresas com práticas elevadas de sustentabilidade tiveram um retorno muito maior quando comparadas àquelas que não adotam essas práticas.

Lidar com os problemas decorrentes do aumento da população e evitar danos irreversíveis para o planeta nos âmbitos social, econômico e ambiental requer das empresas atitudes responsáveis desde sempre e aquelas que não conseguirem administrar de forma ativa os riscos que podem afetar seu crescimento e o retorno do negócio, certamente sofrerão um desconto em sua avaliação de risco.

Tem se mostrado uma tendência mundial o reconhecimento da importância dos aspectos ESG, assim como de seu acompanhamento, na condução dos negócios, tornando a divulgação dessas informações cada vez mais relevante e necessária para as empresas que pretendem continuar no radar dos investidores.

A padronização das informações ESG disponibilizadas pelas empresas de um mesmo setor será fundamental para que investidores conduzam uma correta comparação entre os diversos players. As companhias que saírem na frente na abertura dessas informações terão a vantagem de ajudar a moldar e estruturar o melhor modelo para o seu setor de atuação.

No Brasil, as equipes de RI começam a entender a integração ESG e já estão se preparando para atender as demandas dos investidores que consideram esses aspectos em sua análise de investimento. Empresas como Natura, Bradesco, Itaú, Grupo AES, Lojas Renner, dentre outras, vem sendo reconhecidas pelos analistas como referência em atendimento das demandas ESG.

A MZ entende essa tendência como irreversível e pode ajudar na formatação e adequação dos dados ESG, buscando oferecer aos investidores uma percepção mais assertiva em sua decisão de investimento.

 

Elaine D’Angelo

Inicialmente publicado em: Elaine D’Angelo – Linkedin